Falar sobre sentimento e emoções na era do narcisismo é bem complexo e muita gente foge desse encontro! Porque mais vale parecer feliz do que viver a felicidade no momento presente. Que triste, né!? Então imagine, quando falo de alimentação e sentimento, isso assusta muita gente. O primeiro pensamento que vem é: “Qual a ligação entre o meu sentimento com o que eu me alimento?”. Essa relação é bem complexa e vai durar até o fim de sua vida. Demorado, heim!?
Reparem comigo, o ato de comer é essencial para nossa sobrevivência, foi descrito na história da humanidade e faz parte da cultura do homem. Existem registros de várias civilizações exaltando a relação da comida na sociedade, na comunicação, entre conflitos, na vida cotidiana…. A alimentação evolve muitas áreas como a psicologia, religião, política, medicina… enfim, o alimento é ligado intimamente a nossa história, a cultura de uma família ou região, as nossas raízes e ainda as nossas lembranças infantis. A amamentação é a nossa primeira experiência de vida onde tivemos que lidar com o prazer, as angustias e as frustrações. Nunca lembramos disso!
Sendo assim, nutrição tem sim muita relação com emoção. Hoje temos muita dificuldade de dar nomes as emoções. A maioria, não possui o hábito de perceber seus sentimentos e pensar no poder que eles podem ter sobre nossos atos e escolhas. E o resultado de estar desatento ao que sentimos, é apresentado na mesa. Sendo assim ocorre uma desarmonia com a comida. E as pessoas vivem uma dificuldade eterna com a alimentação, ficando assim muito tristes, frustrados e infelizes.
Escuto muitas frases como: “Não comi porque estou me sentindo gordo”, mas isso não é sentimento, mostra apenas que não estamos atentos ao que sentimos internamente e sim, estamos buscando fora de nós as respostas; outra expressão seria: “Vou fechar a boca e só assim vou ficar seca” e seguimos procurando fora o que está dentro, dessa forma transborda para mesa o desequilíbrio interno. Entende!? A comida será sua companheira até o fim. Isso gera ansiedade e momentos de restrição e compulsão. Resultado disso: Estresse na mesa!
Perceba, de vez em quando, comemos porque estamos tristes, estressados, felizes…. E tudo bem!!! Se estivermos atentos e percebendo o “porquê” e se isso está acontecendo toda hora ou eventualmente. Muitas vezes chamamos de fome ou falta de apetite, um sentimento que não sabemos nomear. Buscamos ou rejeitamos a comida sem um “porquê”! Você quer comer o quê? O que você rejeita? Reflita, se você observar suas escolhas na mesa, você se conhecerá melhor e consequentemente ira eleger o melhor para você.
Dar nome as emoções se torna essencial para melhorar a relação com a comida e assim descobrir o que pontualmente se precisa naquele momento. Se você está triste, precisa de chocolate ou de um abraço? Se está ansioso, precisa respirar ou de uma bebida? Se está cansado, precisa de pão ou de descanso? Se está frustrado precisa de salgadinho ou de uma boa conversa?…
Tente fazer o exercício de dar nomes aos seus sentimentos durante essa próxima semana e perceba como os sentimentos se representam no ato de comer. Você vai se surpreender! E perceber que quando você estiver consciência dos seus sentimentos, mudará a sua mesa e consequentemente a sua vida. E assim, você conseguirá ser feliz com seu prato!
Bom apetite!!!